E assim chegou o tempo do silêncio, algum dia teria de vir, porque demasiadas palavras baralham a cabeça, muita conversa esgota-te a mente, dissolve-te os sentidos e distrai-te do essencial.
Sei que tentei fugir, que não queria aceitar a solidão e a ausência de barulho. Lutei para me manter junto dos outros, ser como eles, muitos amigos, muitas festas e muita alegria, mas eu não era assim. Eu era um miúdo calado, silencioso, que sempre ficava no seu canto, fechado no seu mundo, em silêncio, escondido dentro do seu cérebro.
Eu nunca tive muito jeito para a exposição pública, apesar de ter alguma capacidade para a argumentação, quando experienciei as artes da política senti-me desconfortável com a mentira, com a necessidade de estar constantemente sob o olhar das massas, sob o escrutínio dos demais, nunca gostei muito de ser escrutinado. Não sei se por medo, sim sempre fui muito medroso, medo de não ser capaz, incapacidade de ser tão bom quanto os outros. Sempre os outros num termo comparativo, afinal assim é o mundo, descobrindo diferenças entre uns e outros, competindo para superar o próximo ao invés de de se entre-ajudarem.
Em suma um jovem com complexos de inferioridade só pode produzir um adulto inseguro, que apesar da sua tenacidade em ter uma vida independente e pagar as suas contas, deixou de lado algumas fragilidades que não eram, aparentemente tão evidentes mas que eram igualmente graves, tão graves quanto as daqueles que não se conseguem governar e construir uma vida sólida e estável.
Genre: BODY, MIND & SPIRIT / GeneralUm livro ue saiu apenas à um mês e cujas vendas estão agora a começar a surgir.
A metamorfose tem sido a palavra que tem vindo a “atormentar-me” nos últimos tempos. Então considerei que tantas referências subliminares à obra de Ovídio mereciam uma leitura da mesma. Procurei, pesquisei e encontrei o dito, imenso e massudo texto do autor clássico. Tentei, eu confesso que tentei ler, mas apesar de ser uma obra de referência para o mundo ocidental, onde o autor transfigura deuses e homens em elementos da natureza numa exuberante obra ficcional. Alimento de artistas, músicos, poetas e até, inadvertidamente, de curiosos como eu que descobrem que os seus escritos encaixam na perfeição em partes desta obra, como se o “destino” congeminasse para, por outras palavras, trazer a “lume” a memória o passado.
Então, agora acompanhado pelas “Metamorfoses” de Ovídio, olho-me à luz das transformações (metamorfoses) que sofri ao longo da minha vida, e de facto, verifico que já fui dum extremo a outro do espectro visível do bem e do mal, e até acredito ter ultrapassado nos momentos menos visíveis do meu percurso, na fase do oculto, muito para lá dos limites plausíveis para uma pessoa que se diz de boa índole e que tem vergonha na cara.
Se estão à espera que vá agora aqui expor os meus “podres” desenganem-se, há coisas que morrem connosco, por mais transparentes que sejamos, ou tentemos ser, há histórias que não são para contar, muito menos para assinar por baixo e publicar no livro que ninguém lê, corremos verdadeiramente o risco de sermos lidos e depois, mal compreendidos. Então fiquemo-nos pelas metamorfoses que estão no ângulo visível e confessável da vida.
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English
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Already translated.
Translated by Caio Caldas
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Author review: Muito rápido e conciso. Responsável. Parabéns Caio. |
French
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Already translated.
Translated by Maria Eneida Nogueira
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Author review: Sempre impecável na tradução, na comunicação com o autor e nos timings, Parabéns Maria Eneida. Muito grato. |
Italian
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Already translated.
Translated by Linda Merlini
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Author review: Magnífica tradutora, empenhada, rápida e eficiente. Adorei trabalhar com a Linda. Gratidão e parabéns Linda. |
Spanish
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Already translated.
Translated by Antonio Silva Sprock
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Author review: Bom tradutor, cumpre os prazos e faz um excelente trabalho. Parabéns António. |