Lia, em um pequeno aforismo de Humano, Demasiado Humano, que para “ser escritor” era necessário produzir esboços de romance de, no máximo, duas páginas com todas as palavras necessárias; registrar anedotas dando-lhes formas cada vez mais precisas e eficazes; juntar e retratar tipos e caracteres humanos; contar uma ou mais histórias, escutar uma ou mais histórias, atento aos efeitos provocados nos demais ouvintes; extrair de uma ciência tudo o que pudesse provocar efeitos artísticos; viajar como paisagista e pintor de costumes. Sem se esquecer de sempre questionar os motivos por que os acontecimentos se desenrolaram ao nosso redor, passar dez anos nessa atividade e em seguida dividi-la com o público para sua expansão. Como na época, eu estava na efervescência da leitura de romances de Machado de Assis e Eça de Queiroz, decidi distribuir essas tarefas do professor Nietzsche pelos sete dias da semana, e, de fato, produzi algum texto ao longo de seis anos. Cheguei mesmo a iniciar um dos romances esboçados por aqui e, inclusive, prometido no opúsculo de minha autoria, Santa Maria d’Oeste; romance que pode ser escrito de mil formas, desde que esta singela Oficina de Ficção venha a ser lida por mil leitores interessados.
Genre: LITERARY COLLECTIONS / GeneralLivro visitado e adquirido por centenas de leitores em língua portuguesa. Este o motivo da intenção de obter suas possíveis traduções.
O nome dela é Jordana. Ela não se suporta mais de tão bela. Já não aguenta os olhares. O espelho quase se torna inimigo. Eles dizem, eles tentam convencê-la. Mas ela diz que sua boca é muito pequena. Eles dizem que o batom resolve isso. Mas ela chora de tão bela. Só depois que envelhecer é que vai pensar a beleza no pretérito. Inocência. Até as idosas podem ser belas. Acha também seus cabelos muito escuros. Queria ser loira. Todos dizem que a cosmética também resolve isso. Ela é mesmo de beleza rara, mas não crê. Diz ter inveja dos feios. Queria fazer parte da maioria – ser popular. Se estressa, se desgasta, dorme pouco. Queria envelhecer logo. É daquela raça que não vê a hora de se livrar da prova. Vê tanta sinceridade na maioria da corja feia que às vezes pensa ser falsa, odiável, corruptível. Jordana é exuberante também por isso. Sabe que um passo seu que seja para além da calçada é caro. Mas queria estar como toda a gente: feia. Perguntada que é do porquê desse desejo inusitado, ela diz que ou divide a beleza com todos ou fica feia logo para ajudar a enfeitar o mundo feiamente como a maioria dos outros. Não queria viver uma velhice pensando que tudo aquilo era falso. Todas as cantadas mentiam; todos os elogios eram canibais. O nome dela é Jordana. E ela quase não aquenda mais de tão linda.
Language | Status |
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English
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Already translated.
Translated by Elaine Cristina Albino de Oliveira
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Author review: A qualidade do livro traduzido pela Elaine Cristina é excelente; a comunicação, o entrosamento e o respeito aos prazos superam a média dos tradutores que conheci na minha experiência de mais de vinte anos em tradução. Creio que a tradutora também usará do mesmo afinco para nos ajudar a divulgar a obra. Merece seis estrelas, até! |
Spanish
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Already translated.
Translated by Erick Carballo
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Author review: Quanto à qualidade, estou impressionado com o sentido de criação de Erick Carballo. A autoria tradutória é dele, mas parece que a autoria original também o é, o que faz de sua qualidade algo único no mercado de tradução literária. O tempo em que traduziu um livro um tanto extenso também salta aos olhos. Em menos de sessenta dias, ele traduziu quase duzentas páginas. Inalcançável para mim, que também sou tradutor. O senso de humor, a avidez na comunicação também é um traço importante de Erick, o que torna a comunicação menos tensa, ainda mais se tratando de algo tão sério como a literatura. Quanto à comercialização, creio que apenas o seu nome na minha capa será o bastante para o livro vender como "hot cakes". |