Melro e sua família passam por problemas e privações após a morte de seu pai.
Incapaz de perceber que não é o centro do Universo, lastima sua sorte, pois sua irmã e sua mãe dependem dele para sua sobrevivência. Dentro de seu egoísmo, decide se livrar destes dois 'pesos' atados a seus pés. Dois assassinatos e estará livre. Assassinatos não, eutanásias. Será um favor para as duas.
É a primeira vez que Melro e sua família visitam seu pai, desde sua morte. Acompanhou o velório, a comida e bebida servida, como se fosse uma festa. Uma mulher rindo, outra sorrindo, o palavreado de seu tio a respeito de suas novas responsabilidades para com sua mãe e irmã. Isto do alto de seus quatorze anos. Bocas que se abriam, se enchiam e lhe davam asco. Algumas rodas de conversa longe do morto e de sua família pareciam bem alegres. Ele se sentia como se estivesse em um filme ou em um pesadelo. O senso de realidade lhe era bem tênue neste triste momento. Nunca tinha ido a nenhum enterro, nunca havia visto um cadáver em toda a sua vida. Seu pai parecia um boneco dentro de uma caixa adornado com flores.
Não lhe tinha muito apreço. Era muito enérgico, sempre cobrando muito mais do que ele poderia entregar. Uma vez quando mais novo, não se lembrava por que, havia desrespeitado uma ordem dele. Sua atitude foi expulsá-lo de casa. Passou a noite ao relento e sua mãe foi impedida de alimentá-lo e lhe dar um agasalha. Ficou sozinho, tendo apenas o terror da noite como companhia. É, realmente não lhe tinha nenhum apreço.
É estranho como tudo foi rápido: já haviam jantado, estavam todos juntos na sala, os dois lendo, sua irmã brincando no colo de sua mãe. De repente ele se levantou e foi até a cozinha, disse que tinha vontade de uma laranja. Perguntou se queriam e se afastou. Demorou demais até que a mãe chamou e chamou por ele, sem resposta. Foi encontrado caído na cozinha, uma laranja meio descascada de um lado, uma faca de outro, e foi assim: um coração cansado se recusou a trabalhar mais. Ali estava o que restava de seu pai, o começo do desespero de sua mãe, e um pouco de realidade para ele e sua irmã.
Language | Status |
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Translated by Antonio Silva Sprock
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