Jorge Alfredo, um viciado em vinhos baratos e em anfepramona, é um bem-sucedido ghost-writer que sonha em fazer o mesmo sucesso como escritor, apesar dos fracassos acumulados. Ainda criança, viu a mãe trocar a família por um amante e, anos mais tarde, encontrou o pai morto dentro de casa. A partir de então, aprendeu a se virar sozinho e a se dedicar exclusivamente ao seu sonho, ou melhor, à sua obsessão: ser lembrado eternamente.
Caso não consiga ser reconhecido como um dos maiores escritores de todos os tempos, ele tem outros planos, que vão desde sequestrar um avião e derrubá-lo em Brasília até mandar para os ares uma embaixada norte-americana.
Mas o solitário Jorge é otimista e acredita que não precisará recorrer aos planos alternativos. Exatamente por isso, vive cercado de livros, encapsulado em si mesmo e tendo Hitler, seu gato de estimação, como sua principal companhia. No entanto, sua vida vira de pernas para o ar quando ele se depara com Polly, uma garota religiosa e extremamente séria que sonha em ser cientista.
Jorge fica tão obcecado que decide não medir esforços para conquistá-la. Então ele começa a pôr em prática os planos mais doentios que um ser humano é capaz de conceber. Porém nem sempre as coisas acontecem como planejamos, nem sempre...
Esta ficção transgressiva, que disseca a mente perturbada de um homem que está prestes a explodir, é recheada de perseguições, reviravoltas e excentricidade. Uma pitada de ironia, duas colheres de acidez e meia xícara de humor cáustico - essa é a receita que faz de Ideia Fixa uma obra provocativa, vertiginosa, original e, acima de tudo, uma obra inesquecível...
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O sol descansava em cima da minha cabeça. Sem nuvens, o céu tinha um toque bucólico. O extremo calor e o ar seco me deixavam meio grogue. Um fio de suor percorreu meu rosto. E eu me rastejei mais um pouco para mirar o rifle.
No instante em que ia atirar, um pequeno vulto passou próximo do alvo.
— Olha só! Um gato! — disse Natanael. — Agora sim, vai ser divertido! Vou estourar os miolos daquela bola de pelo!
Olhei ao lado e vi que ele falava sério, pois se preparava para atirar. Então me levantei e pulei em cima dele. Rolamos no gramado e a arma disparou... Pássaros rasgaram o céu, mas o silêncio logo voltou a reinar.
Me levantei com uma puta dor no abdômen. Natanael se ergueu também e me encarou como se não entendesse nada. Logo vieram Jessica e Almirante, que esbravejou:
— Seus idiotas! O que acham que estão fazendo?! Querem se matar, vão pra outro lugar!
— É esse imbecil! Queria matar o gato — disse eu, passando a mão no abdômen que, por sorte, sofrera apenas uma pancada.
Natanael, que também não estava ferido, não quis argumentar. Almirante esbravejou mais um pouco, mas logo se calou ao ver que eu e Natanael já tínhamos nos entendido. Então disse um até logo para todos, peguei meu rifle e saí andando...
Quando abri o Azulão, apelido que dei para o meu Escort de tom azul, senti algo roçar minha perna. Olhei para baixo, era um gato branco, muito provavelmente o mesmo que tinha salvado.
Logo o empurrei com o pé, entrei no carro, escondi o rifle no banco traseiro e dei partida.
Language | Status |
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Spanish
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Already translated.
Translated by Alexandra Visbal
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