Quem vive no Ocidente se encontra sob a influência do pensamento judaico-cristão, aquele que acolhe com ternura e caridade; afinal, “não é bom que o homem esteja só” (Gênesis 2:18).
Nesta verdade, reside o Nós conservador e cristão, legado dos nossos ancestrais, um sentimento de integração e pertencimento a algo bom e justo, maior do que nós mesmos, fundado no amor a Deus e ao próximo.
Essa é a essência da atitude conservadora existente no Brasil, o dever de conservar aquilo que se ama: a pátria, a comunidade, a família, a si próprio. Assim, para o brasileiro tradicionalista, conservar jamais será diferente de amar.
O livro apresenta excelente vendagem nos gêneros da Filosofia e da Ciência Política.
CAPÍTULO I
Eu e Eles
“Tenho espírito justiceiro e entendo que o amor deve seguir estes graus de preferência: Deus, humanidade, pátria, família e indivíduo”.
– D. Pedro II, Imperador do Brasil
Quando me perguntam por que sou um conservador, quase como se esta palavra fosse uma obscenidade, vilipendiada por décadas de hegemonia esquerdista nas artes, mídia e academia brasileiras até se tornar sinônimo de opressão, regressão, ou qualquer outra bobagem do gênero, respiro fundo, ciente de que esse tipo de questionamento costuma embutir uma insidiosa acusação.
Como os conservadores ousam desconfiar dos agentes do progresso e seus projetos destinados a refazer o Brasil numa versão melhorada de si mesmo? O que haveria a conservar num país atrasado, violento e corrupto?
Exatamente por ser um conservador, minha resposta tende a surpreender ao confrontar os anseios utópicos do interlocutor. Na verdade, minha mais básica preocupação se revela modesta demais às sensibilidades liberais e socialistas, chocante mesmo ao seu pós-modernismo.
Afinal, aquilo que, desesperadamente, todo conservador aspira resguardar é, antes de tudo, a integridade física e moral da sua família, mantendo-as a salvo da violência inerente aos movimentos revolucionários (liberais, positivistas, fascistas ou socialistas).
Essa lógica pueril desafia as mentes incautas, impregnadas pelas “certezas” cientificistas da contemporaneidade, com suas almas conspurcadas pelo individualismo irresponsável e egoísta dos liberais ou o coletivismo totalitário e messiânico dos socialistas.