Os contos são ordenados cronologicamente e abrangem as diversas relações do homem com o Tempo. Os quatro primeiros tratam do passado. “Espelhos da Alma” é um diálogo que expõe a condição do “homem de ciência” da Renascença e sua relação com o homem médio, não muito diferente do que ocorre hoje. Em “Beijo de Ópio” um brasileiro na Era Vitoriana conta como se deixou seduzir pela total decadência moral. “Primeiro-Tenente” acompanha um militar sob um comando abusivo no início da República. “Carolina de Óculos” mostra as estranhas visões documentadas no diário de uma menina de imaginação fértil.
Os quatro contos seguintes ocorrem no presente. Um garoto tenta entender a capacidade de parar o tempo que aprendeu com o pai em “Entre Segundos”. Um estranho sinal parece ser a resposta à monotonia da vida reclusa de um matemático em “Saudações do Futuro”. O título de “Parafuso Frouxo” traz a causa de um mundo chegar ao fim. “Mulheres e Crianças Primeiro” mostra qual força tem as convenções sociais quando a causa de um acidente de ônibus é revelada.
Seis contos ocorrem no futuro. “A Maçã Elétrica” acompanha um solitário programador de inteligências artificiais em conflitos emocionais com suas criações. “Futuro Seguro” traz uma distopia bem-humorada de um futuro em que as corporações regozijam sem limites. “Na Linha de Montagem” discute a evolução da tecnologia comparada à da moral humana. “Controle Remoto” mostra a brutal opressão de uma sociedade controlada através de televisores. “Planeta Asfalto” é um mundo dominado por automóveis inteligentes. “A Água de Croma” é uma reflexão sobre a evolução sentimental da humanidade.
A coletânea conclui com “Ouroboros”, que discute o eterno retorno com a documentação medieval de um interrogatório feito a um visitante distante.
Saudações do Futuro
Charles Wright havia se tornado um dos habitantes daquela remota instalação científica, sem coisa ou pessoa alguma num raio de quilômetros. Sua especialização era matemática; seu trabalho era supervisionar iterações dos sistemas e nutri-los, esporadicamente, com dados e números. Não era um trabalho excitante. Charles não via a hora de terminar seu tempo ali e voltar para casa.
Haviam descrito o lugar como um “complexo” destinado à “coleta de dados por satélite”, e a descrição do trabalho havia sido enfeitada com várias outras palavras instigantes. Tudo besteira! De fora, o tal complexo parecia apenas uma mera base ou patamar para uma torre salpicada de antenas e receptores. O interior da construção de concreto, uma verdadeira casamata, era grosseiramente dividido em quatro ambientes, dos quais dois eram destinados aos computadores, receptores e outros sistemas e equipamentos. Dos dois aposentos restantes, um deles combinava as funções de cozinha, despensa e sala de jantar; o outro acumulava as funções de dormitório e local de lazer, para Charles e seus dois parceiros de martírio.
Um deles era Roger Wilson, um técnico tímido e nervoso, propenso a episódios de irritação. Charles sabia que Roger lutava contra a imagem de obcecado por máquinas e que dedicava boa parte de seu tempo a atividades distantes de sua ocupação, como praticar seu oboé por horas a fio, ou rabiscar poesia em um caderno que parecia remontar aos seus tempos de escola. O som do instrumento e o precário domínio que Roger tinha dele levaram à decisão, por dois votos a um, de que ele conduzisse seus treinos a algumas dezenas de metros do complexo.
Language | Status |
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English
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Already translated.
Translated by Norberta Silva
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Author review: Muito obrigado, a tradução ficou ótima. |
Spanish
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Already translated.
Translated by Maria Fernanda Gastellú
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Author review: Um trabalho excelente e profissional. Muito obrigado por escolher uma obra minha para traduzir. |