Núria é uma viúva, jovem e bonita, que assume a gestão da adega desde que o marido faleceu. Na tradição familiar essa função era atribuída ao filho varão mais velho, mas o irmão de Núria recusa-se a abandonar o seu trabalho para se dedicar as vinhas.
Depois de constatar que não conseguia gerir a adega da Quinta da Tapada sem ajuda especializada, contrata um director geral, César Medeiros - famoso por erguer grandes empresas -, que a põe à prova de cada vez que se cruzam. Entre palavras de ironia, gargalhadas, lutas pelo poder, e a resolução de mistérios que vão surgindo na adega, um dia, sob o efeito metonímico do vinho, na cidade mais romântica do mundo, acontece algo que altera a relação dos dois para sempre…
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Um carro comercial, de marca japonesa, que já vira melhores dias, entrou no pátio da quinta vinícola, ao mesmo tempo que Núria também entrava pelas traseiras, vinda do lado das vinhas, depois de descer a colina do cemitério, atalhando caminho, em vez de dar a volta pela estrada.
Ao deparar-se com aquilo que devia ter sido um carro novo em tempos, estacou junto a uma coluna do alpendre que acompanhava a casa principal. Podia-se dizer que o carro era uma amálgama de batidas e raspagens pelas paredes e que nada indicava que tinha apenas cinco anos, não fosse a matrícula a indicá-lo.
Alguém se enganara no trajeto. Apressou-se a dirigir-se para o veículo com a firme intenção de dizer ao condutor que fizesse meia volta e deixasse a quinta, pois estava em propriedade privada, não fosse o homem embater em alguma parede, dado o número de amolgadelas que o carro ostentava. Mais parecia uma lata velha, carcomida pela ferrugem, do que um carro.
Antes que ela conseguisse abrir a boca para perguntar ao que vinha, tinha na sua frente um homem que não devia ter mais de quarenta anos, de estatura média, entroncado, com o cabelo esguedelhado e apanhado por um rabo-de-cavalo, algumas falripas caídas nos olhos, que ele teimava em desviar soprando-os, e uns olhos negros como a noite mais escura, que alguma vez vira.
Núria estremeceu. O homem era medonho e só podia querer confusão. Logo hoje que os trabalhadores andavam na vinha a preparar o terreno para o primeiro dia de vindima e a casa estava sozinha, é que lhe aparecia um palerma rude que se tinha perdido na estrada.
Fez-se forte, subiu o peito, tentou crescer uns centímetros além do seu metro e sessenta e cinco e dirigiu-se a ele.
Language | Status |
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English
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Already translated.
Translated by Maria Eduarda Fernandes
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Spanish
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Already translated.
Translated by Gala de la Rosa
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Author review: Bom trabalho. Facilidade de comunicação e empenho no trabalho. |