Contente por ter se transformado para um bairro novo de Nova York justamente na véspera de natal, Florinha corre para o quintal da casa nova assim que o primeiro floco de neve começa a descer do céu estrelado de Manhattan. Feliz ao ver a filha contente pela primeira vez desde que se mudou, Dona Nora acaba cedendo e permite que a garota brinque até tarde da noite. O resultado? Um belo de um resfriado para o combo “como estrear a casa nova com maestria“.
Um pouco de descanso, chocolate quente e uma história antes de dormir é tudo que Florinha precisa para se curar da gripe. E não é qualquer história não, Florinha bate o pé se Dona Nora não reler (pela milésima vez) o conto do Boneco de Neve. Pelo menos era o que a garota encontrou até que, no meio da noite, ela recebe uma visita um tanto... inesperada.
No seu primeiro livro infantil carregado de emoções feitas pelo próprio autor, Divino B'Atista apresenta de forma lúdica e bem humorada o quanto o poder da imaginação é capaz de transformar a vida de quem o usa com sabedoria.
ERA NOITE DE INVERNO, e os pequenos flocos de neve começavam a cair lentamente, levitando conforme a gravidade permitia. Florinha ficou muito alegre ao ver o quintal todo coberto. Nem os melhores enfeites de natal lhe encantaram tanto quanto as gotas gélidas do inverno. Com a autorização de Dona Nora, sua mãe adotiva, a garota decidiu brincar sozinha no quintal, mesmo que o ponteiro do relógio já marcasse nove horas da noite. Sempre que a neve surgia, era impossível tentar manter Florinha dentro de casa, mesmo não tendo feito nenhum amigo no bairro. E Dona Nora sabia perfeitamente como aquilo aumentava sua autoestima. Sua brincadeira preferida nesta época do ano era a construção do boneco de neve. Um boneco que se tornaria seu mais novo e melhor amigo.
— Olá? — cumpriu a garota, mesmo tendo a certeza de que o boneco não lhe responderia. — Me chamo Flora, e essa noite seremos grandes amigos.
Florinha pulou, gritou, cantou, berrou, fez anjo na neve, caiu ao tentar levar o boneco para dentro de casa, e jurou infinitamente que aquela noite não acabaria.